domingo, 31 de julho de 2016

O CAVALHEIRO E SÁBIO, ACADÊMICO ANTÔNIO CLÓVIS VIEIRA[1]



Por Dr. Lúcio Ney de Souza[2]



“As vezes nosso coração está agitado. Mas Deus faz um silêncio danado. Na verdade, Ele está dizendo: Calma filho. Eu já tenho tudo planejado.”

Saudação às autoridades do dispositivo....

“No que me cabe, conheço bem as minhas limitações, mas também conheço os meus sonhos. Quando peso minhas deficiências procuro, de imediato, igualmente projetar meus sonhos; e o resultado dessa operação sempre me anima a caminhar.

Convocado que fui para saudar e apresentar o acadêmico da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró - o Dr. ANTÔNIO CLÓVIS VIEIRA -, por ocasião do elogio ao seu Patrono Luiz Colombo Pinto Neto, na cadeira 19, e que doravante o denominarei Dr. Clóvis e às vezes simplesmente CLÓVIS, assumo com a convicção de que cumprirei a missão.

Não há como evitar o lugar comum de afirmar, neste introito, que acolhi este convite com profunda alegria, e de fato, torna-se quase impossível encontrar outra maneira adequada, em momentos como este, de falar de quão honrosa é esta missão, igualmente prazerosa em função dos fraternos laços de amizade que nos unem há anos, facilitada, também, pela bela trajetória de vida que o ostenta.

Procurei pesquisar toda a sua trajetória de vida, cumprindo a missão de quem tem tamanha responsabilidade e dever de apresenta-lo, não só para os colegas acadêmicos, mas também para os que até aqui vieram prestigiar essa solenidade.

É paradoxal essa minha missão: Por um lado é simples, pois conheço bastante o Dr. Clóvis; Por outro, é complexo, uma vez que, apesar da sua juventude, tem uma trajetória de vida bastante produtiva, quer no aspecto profissional e, principalmente, no aspecto acadêmico pela sua compulsão de escrever e registrar fatos.

As imortalidades literárias são ficções existenciais que se sobrepõem às vulgaridades. Quando as academias convocam intelectuais para a convivência e comunhão culturais não fazem obséquio político nem inventam ídolos. Simplesmente proclamam reconhecimento ao mérito dos escolhidos.

O termo imortal foi retirado da Academia Francesa. A palavra foi retirada da frase Àl'immortalité, que está estampada no selo oficial da Academia. Na versão brasileira, ser imortal significa ser ou já ter sido membro da Casa de Machado de Assis. Além de ter garantidos para o resto da vida os famosos chás e bolinhos das tardes de quinta-feira, nas quais os acadêmicos trocam amenidades e, as vésperas de eleições, farpas.

O escritor baiano Antônio Torres, quando da sua posse na cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, conceituou o significado da expressão imortal nas academias: Vejamos:

IMORTAL, esse é o termo utilizado para designar os membros da Academia, indicando que os escolhidos para entrar nesse seleto grupo viverão para sempre na memória da cultura brasileira, e esta tem a capacidade de transcender o tempo.

Segundo o dicionário da língua portuguesa, imortal significa: “não sujeito à morte”. Os membros das Academias também são chamados de imortais, não pela sua imortalidade física, mas pelo valor que suas obras possuem.

Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros, em resposta a um interpelante, que queria saber por que os acadêmicos eram imortais respondeu:

“São imortais porque não têm onde cair mortos”.

Na verdade, os homens são passageiros da vida, que é o dom de Deus. A humanidade os faz eternos pelos rastros de luz que deixam em sua vida terrena, fazendo-os dignos da admiração dos pósteros.

O Dr. Clóvis é um acadêmico que tem essa fortuna, além de ser homem de ciências e letras possui uma certa compleição especial e um especial polimento, isto é, é elegante em seus livros e dentro da vida. É elegante para ser e para fazer. Enfim, não é apenas escritor tipicamente, é tipicamente acadêmico.

Uma academia não é apenas um punhado de escritores fixados, treinados ou jeitosos na prosa, na crônica, na poesia, na crítica, no romance ou em outro gênero literário.

Uma academia é a casa das inteligências, que trabalhadas por um sentido superior da cultura, superiores se mostram na própria criação literária, incapazes de vulgaridade e muito menos de mesquinharia de forma e de conteúdo.

Toda a questão está na atitude e nas ideias, na sanidade do pensamento, na dignidade de expressão e da comunicação humana, tanto quanto na capacidade de conviver.

Este conjunto de valores são decisivos para numa soma final formar o homo academicus.

Se nada tivesse produzido, esta Academia já se justificaria apenas por um dos ensinamentos que nos legou. O de que é possível obedecermos à lei do universo que nos ensinou Lao-Tsé:

“as diferenças não constituem obstáculo à convivência respeitosa entre diferentes, à harmonia entre os contrários, ao louvor à pluralidade”.

Somos todos herdeiros da vocação criadora de Deus e nossa missão no mundo é construir.

Há os que constroem obeliscos e monumentos ciclópicos. Os que constroem a guerra e a dor e vivem de produzir o medo e a desolação.

Nós, porta-vozes da inspiração e do grande sentimento, produzimos policromias e construímos sobre o amor. Vivemos de provocar a beleza e sugerir a felicidade. A Academia é a imortalidade, a espiritual sobrevivência da arte e da cultura.

Contam que, seis séculos antes de Cristo, lá pelas montanhas do Oriente, onde tudo nasceu, viveu um ser fulgurante chamado Lao-Tsé.

Lao significa "criança, jovem, adolescente".

Tsé é o fluxo de muitos nomes chineses, que quer dizer "idoso, maduro, sábio”.

Lao-Tsé, o "jovem sábio", o adolescente maduro", foi contemporâneo de Kung Fu Tsé, o Confúcio, de quem foi discípulo.

Reza a lenda que Lao-Tsé escreveu numa grande pedra a coletânea dos 81 versos que se tornariam a síntese de sua sabedoria, que entrou para a história sob o nome de Tao Te Ching (O Livro que revela Deus) e é, ao lado da obra de Krishina e de Jesus, uma das três mais importantes mensagens da humanidade.

Diz ele no segundo poema:

“O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo”.

Segundo HubertoRohden, Lao-Tsé nos ensinou a grande lei da bipolaridade do Universo e de todas as coisas. Nada é somente o Uno, e nada é somente o Verso. Tudo é Universo, unidade na diversidade, equilíbrio dinâmico, harmonia cósmica.

Orfeu é um deus amoroso e sedutor que age nas mentes humanas convocando para suas fileiras os que são bons.

Bons de talento, de espírito, de convivência, de atitudes e vamos descortinando todas essas qualidades em certezas quando conhecemos alguém de bom quilate, de boa safra.

CLÓVIS, o nosso Lao-Tsé, que ainda jovem já conta com apreciável bagagem literária e Como Orfeu quero saudar o Acadêmico Antônio Clóvis Vieira que da sua operosidade intelectual resultaram vários obras nos domínios da crônica, do ensaio e da poesia, quase todos repassados de forte sentimento telúrico.

Dr. Clóvis é Advogado, Mestre em Ciências da Educação, Professor Licenciado em Matemática, Técnico da CAERN, mas acima de tudo cidadão que se preocupa com a ética e a qualidade de vida, fazendo da poesia cordelística o instrumento de expressão dos seus sentimentos; seja no cotidiano pessoal de vida, seja atuando como professor.

Martinense de nascimento e mossoroense de coração. Em 1970, aos 06 anos de idade, desceu a serra de Martins com destino a Terra de Santa Luzia, buscando sua formação, sem nunca ter esquecido as suas origens.

Integrou os trabalhos de evangelização Social de Padre Guido. Baluarte na formação de jovens nos bairros. Pioneiro no Projeto Esperança - recuperação de jovens -, com início na Paróquia São José.

Graduado em Matemática pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e Bacharel em Direito pela Faculdade MaterChristi, e também professor. Atualmente é professor da rede municipal de ensino de Mossoró.

Quando estudante da UERN, foi estagiário do Projeto Universidade X Prefeituras, atuando nos cursos de formação dos professores leigos, com a disciplina Metodologias Alternativas no Ensino da Matemática.

Advogado há 09 anos procurando contribuir para a melhoria das condições de vida dos idosos, jovens e pessoas deficientes, atuando em defesa dos seus direitos, obtendo êxito em diversas ações no Fórum de Mossoró.

Desde a infância é afeto à criatividade e à descoberta do significado da literatura para a vida das pessoas.

Na qualidade de escritor e cordelista publicou 15 Cordéis e 01 livro “Lembranças e Rimas”.

Os cordéis são: O Advogado Humilde e o Morador de Rua; Entre o Amor e a Razão; História de Elizeu Ventania; Lembrando os Tempos de Outrora; A Burra do Mentiroso; Achado não é Roubado; As Mulheres que Botaram uma Onça para Correr; Caçada Implacável; Canário; Piaba e Valente; Ciladas do Destino; Chico Filho: Exemplo de Superação; Lamentos de um Torcedor; Desafio em Cordel; e Lamentos de um Advogado.

Entre as pesquisas realizadas destacam-se: cabimento do mandado de segurança na justiça do trabalho e execução provisória na justiça do trabalho, bem como, a subjetividade e práticas pedagógicas interdisciplinares como instrumentos da contribuição social do professor leigo.

Membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional do RN e do Sindicato dos Servidores Públicos de Mossoró (Sindserpum).

Atualmente integra várias atividades nas seguintes instituições culturais: Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM), Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS), Academia de Cordel de Mossoró, Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e a Comissão do Folclore(CONFOLC).

Enquanto Assessor Jurídico alia-se aos munícipes pela conquista da efetividade das políticas públicas como patrimônio inalienável dos cidadãos, tendo na Lei Orgânica Municipal e no Plano de Cargos e Salários os maiores instrumentos para tais conquistas.

Dr. Clóvis é filho do Senhor Jorge Julião da Silva – Tenente reformado do Exército e da Senhora Maria Alexandrina da Conceição – Professora primária, grande paroidista e metodóloga do ensino a criatividade. O ensino prazeroso e a lúdica no processo aprendizagem era o seu grande foco. É Patronesses da AFLAM cadeira nº 06 e da cadeira nº 1 da ALAM. Constitui-se a maior sensibilidade da família.

O maior patrimônio do Dr. Clóvis é a sua família, construída em bases solidamente cristã. Casado com Maria da Saúde Torres, com quem tem 03 filhos: Dione Cristina – Enfermeira; Daniel Lucas – Advogado - Militar – Funcionário Público do Estado do Ceará, e Gabriela Vitória – Acadêmica de Direito que fez intercâmbio nos Estados Unidos. Clóvis já possuias delícias de ser avô de Yasmin com 3 anos de idade, filha de Dione Cristina.

Tem 12 irmãos – 10 formados e pós-graduados com especialização, mestrado e doutorado. Dentre os quais, Sandoval, Dalva e a DrªTaniamá, nossa confreira, são imortais.

Tem sido através do mundo da cultura, no aprendizado e no aprimoramento dos vários conhecimentos existentes: seja nas ciências exatas, humanas, sociais, da saúde etc, que o homem tem alcançado patamares desenvolvimentistas capazes de proporcionar o bem estar social e melhoria da qualidade de vida para toda a humanidade. E nesse contexto, as instituições acadêmicas têm sido indubitavelmente grandes difusoras e receptáculos dos conhecimentos, desde priscas eras, quando o mítico Platão, fundou a primaz Academia em Atenas, na antiga Grécia, no ano 387 a. C., que preconizava o desejo de “educar os jovens de maneira oposta à sofística, preparando-os para a união entre o poder político e a ciência, no engrandecimento do homem”.

Assim Dr. Clóvis, a boa fama e o nome que granjeastes – não é sombra – como queria o poeta Lucano – é sol para os dias futuros, por serdes de uma estirpe que avança no áspero e difícil. E a sombra dorme, sim, o sol sempre se acorda de horizonte, tal esta copla do argentino, AtahualpaYupanqui no seu canto de vento:

“De lembranças e caminhos,
Um horizonte abarquei.
Longe se foram meus olhos,
A rastrear o que passei.”

Senhor Presidente, Confrades, Confreiras, Autoridades e convidados:

Eu e Clóvis temos uma trajetória com diversos pontos em comum, quais sejam:

- Somos de origens humildes
-Sou formado em Matemática – Clóvis também;
-Sou Professor de Matemática - Clóvis também;
-Sou Bacharel em Direito - Clóvis também;
-Sou Advogado - Clóvis também;
-Sou da ACJUS - Clóvis também.

Se tudo isto não bastasse, vejam que coincidência, rara por sinal, meus senhores e minhas senhoras: Clovis foi meu aluno no curso de Matemática na UERN e eu fui seu aluno no curso de Direito na Mater Christi.

Não obstante, permitam-me trazer a esta saudação um verso do Dr. Clóvis, grafado no seu livro Lembranças e Rimas, intitulado “Lembranças do Tempo de Outrora” no qual discorre, entre outros aspectos, a vida no Sertão:

Senhores prestem atenção
No que vou dizer agora
Como já foi em outrora
As noites do meu Sertão
Trago em meu coração
Lembrança das invernadas
Das noites enluaradas
O brilho dos pirilampos
Alumiando os campos
E coruja nas estradas.


Não existia energia
Para sair ao terreiro
Se usava um candeeiro
Ou no escuro saía,
Meliante não havia
Não se corria perigo
Cada um era um amigo
Quando aparecia alguém
Era pessoa do bem
A gente dava abrigo.


Eu lembro que mãe Chiquinha
Cedo estava de pé
E preparava o café
Botava numa jarrinha
À nossa rede ela vinha
Gritando está na hora
A tempo rompeu a aurora
O café tá preparado
Temos que ir pro roçado
Levanta e vamos embora.


A gente se levantava
O seu humor dava gosto
Ali se banhava o rosto
Ela nos abençoava
Café a gente tomava
Ouvindo a passarada
Batia mão da enxada
E para roça seguia
Desse tempo de alegria
Só há lembrança e mais nada.


Nas noites de São João
Salão de piso batido
Um sanfoneiro atrevido
Tocava xote e baião
Assim já foi meu sertão
Comparado ao Paraiso
Falar verdade é preciso
Eu vivo aqui na cidade
Com o fogo da saudade
Me derretendo o juízo.


No sertão de outro dia
Só tinha estrada de barro
Quase não se via um carro
Passando na rodovia,
Hipermercado não havia
Só tinha um velho armazém,
Transporte só tinha o trem
Que a gente achava bonito
Quando ele dava um apito
Disso eu me lembro bem.


Eu lembro das caminhadas
Em maio para as novenas
Que chegava a ter dezenas
De fiéis pelas estradas,
E das histórias contadas
Causos verdades e mito
Eu me rendo e admito:
O Tempo com Majestade
Vai transformando em saudade
E dando o seu veredito.


E no meu peito a saudade
Fez um ninho pra morar
Eu tive de acostumar
Com a vida na cidade
Mas o Sertão na verdade
Está diferente agora
Com a cidade se aflora
E o tempo vai, me castiga
Eu sinto grande fadiga
Lembrando os Tempos de outrora.


Por fim, Confrades, Confreiras e estimado amigo Dr. Antônio Clóvis Vieira, encerro a minha oração citando o grande Poeta Belchior:

Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo.
E precisamos todos rejuvenescer"

Concluo dizendo:

Clovis é um homem que se faz querido e respeitado Por onde quer que passe.

Cavalheiro e sábio.

É humilde sem ser submisso.

Grandioso sem ser soberbo.

Muito obrigado 

E viva a Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró - ACJUS













[1] Discurso proferido pelo Acadêmico Lúcio Ney de Souza em Saudação / Apresentação ao Acadêmico Antônio Clóvis Vieira, no momento do Elogio ao Patrono da Cadeira 19, Luiz Colombo Pinto Neto, em 24/06/2016

[2] É Primeiro Ocupante da Cadeira 02 da ACJUS.

EDILSON GONZAGA DE SOUZA JUNIOR: ATENDENDO AO CHAMADO COM ALEGRIA[1]


Por Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto[2]

Excelentíssimo Dr José Wellinghton Barreto, Presidente da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró - ACJUS, através do qual cumprimento os integrantes desta douta mesa solene

Dileto Padre Sátiro Cavalcante Dantas na pessoa de quem saúdo todos os acadêmicos da ACJUS, presentes nessa solenidade;

Dignos familiares dos homenageados

Senhores e Senhoras parentes dos confrades elogiantes.

Este é um momento de muito regozijo para mim, por assumir tão importante compromisso: o de apresentar a caminhada do Dr. Edilson Gonzaga de Souza Júnior até seu adentramento na Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró – ACJUS.

De igual regozijo é o sentimento de falar para tão seleta plateia integrante desta sessão magna de elogio.

Para falar do Dr. Edilson é preciso reportar-nos a Anthony Robbins ao dar ênfase ao significado do aperfeiçoamento quando afirma: “Engraçado, costumam dizer que tenho sorte. Só eu sei que quanto mais eu me preparo mais sorte eu tenho”.

Assim, se comporta Edilson Gonzaga: Quer ter sorte? Estude! Busque! Questione! Prepare-se!

Dr. Edilson é, desde o nascimento, aquele que veio para encantar, servir e brilhar.

Muito amado e esperado é o primogênito de três filhos do Piloto Edilson Gonzaga de Souza e da Professora Maria Dalva Vieira, sendo suas irmãs: Carla Vieira de Souza e Silvia Vieira de Souza.

Dr. Edilson nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 10 de outubro de 1977. Por força de conveniência familiar de seus pais veio para Mossoró, aos 07 anos de idade, aqui fixando moradia, estudando, se formando, constituindo família e trabalhando.

É Casado com Cristiane de Oliveira e pai de Edilson Gonzaga de Souza Neto e Eduardo de Oliveira de Souza.

EDILSON É:

Filho Dedicado
Irmão Preocupado
Esposo Amoroso
Pai Carinhoso
Neto Presente
Primo Competente
Sobrinho pra Imitar
Profissional Exemplar.

São estas as características percebidas e sentidas sobre o Edilson Júnior.

Aliás, na compreensão dos seus familiares e amigos, o Edilson é um grande menino de natureza simples, integro, responsável, dedicado a família, focado no bem estar de todos ao seu redor.

Isto, talvez se deva ao fato de, ainda criança, aos 08 anos, o Edilson ter assumido no leito de morte do seu pai, o compromisso de cuidar da mãe e das suas duas irmãs.

O fato é que com a morte do pai, Edilson se sentiu responsável pela família protegendo as irmãs e zelando pelo bem estar de toda sua família. Enquanto a mãe trabalhava como professora manhã, tarde e noite, ele cuidava das irmãs.

Certa vez Dalva chegou em casa, quando todos os filhos já dormiam. Foi olhar e acomodá-los na cama; e quando arrumava o travesseiro viu algo estranho e para sua surpresa era uma faca debaixo do travesseiro do Edilson.

Ao amanhecer o dia a Professora Dalva o interrogou:

- Filho, o que significava aquela faca debaixo do seu travesseiro?

De pronto ele respondeu:

- Mãe se entrar algum ladrão aqui em casa o enfrentarei com a faca e botarei para correr.

Mesmo com este espírito de defesa o Dr. Edilson nunca brigou fisicamente; só com argumentos e sempre buscou estratégias pacíficas para se defender. É tão verdade, que ao ingressar no Ensino Fundamental, no Colégio Diocesano, e percebendo que havia muitos colegas agressivos que ENCRENCAVAM com todos os outros alunos, chamados de valentões ricaços, ele logo encontrou uma saída para ninguém se meter com ele, divulgando para todos:

- Moro na Estrada da Raiz. Não tenho medo de nada; pois lá todo dia amanhece um, dois ou três mortos. Só tenho que ter cuidado para não pisar no sangue que dá no meio da canela. Com essa fama passou a ser respeitado por todos, principalmente os valentões.

Soube se impor com suas idéias criativas. Estratégicas!

Aliás, sua altura física lhe ajudou muito.

Amante da justiça e defensor dos oprimidos é esta a principal característica do Edilson, o carioca gozador, que ama e defende o Nordeste, passando esta mensagem de exemplo e abnegação para os seus filhos.

Como pai, é muito enérgico com os filhos, ao mesmo tempo em que é acolhedor e protetor. Quando sua mãe interfere diz, de pronto:

- Estou criando como a senhora me criou, desarmando-a de qualquer argumento.

Edilson Gonzaga de Souza Júnior adora fazer brincadeiras. É gozador e provocador de raciocínio. Faz as pessoas pensarem, criando situações de forma despojada, principalmente com sua irmã mais nova, sua maior admiradora, que diz: - todos os neurônios foram gasto nele e por isso ela é tão desprovida de inteligência.

Impõe inferir que esta sua irmã Silvia, é formada em administração, e mesmo durante sua graduação se destacou como gestora de recursos humanos e na área da política da administração empresarial.

Retomando ao foco desta minha fala, a formação humanizada e de profunda religiosidade do Dr. Edilson Gonzaga de Souza Júnior foi completada com sua formação educacional, acompanhada sempre de perto por sua mãe Dalva e seus avós maternos, vez que sua vó paterna, Dona Aurora tinha ficado distante, em São Paulo. Estudou nas seguintes Instituições:

a) Ensino Fundamental foi no Colégio Diocesano;

b) Ensino Médio no Colégio Dom Bosco

c) Formação de Nível Superior: na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e na Faculdade de Ciência e Tecnologia Mater Christi

Edilson é Advogado e Especialista em Direito Previdenciário, em Ensino de Ciências e em Geografia e Gestão Ambiental, além de licenciado em História e Biologia.

Como escritor e pesquisador ele encontra no cotidiano da prática jurídico-educativa o espaço para a descoberta dos motivos da produção do conhecimento como instrumento de significação da sua própria prática advocatícia e pedagógica.

Aliás, mesmo durante a sua primeira graduação superior, que foi a licenciatura em Geografia foi bolsista do Programa de Iniciação Científica da UERN, sob o financiamento do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) / Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) / Biociências e Tecnologia (BITEC). Das atividades de bolsista surgiu a sua primeira produção científica: No Caleidoscópio da Qualidade de Vida e Trabalho de uma Comunidade de Baixa Renda, o qual teve o parecer favorável dos órgãos de fomento, com recomendação de publicação.

Ao graduar-se em Direito pela Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi, em 2010, Dr. Edilson deu continuidade à temática da pesquisa realizada durante a licenciatura de Geografia; desta feita com o enfoque constitucional, cujo título é: O Caleidoscópio de uma Comunidade de Baixa Renda no Cerceamento da Garantia Constitucional: Educação, sob a orientação do Pós-Doutor e Imortal Paulo Lopo Saraiva e sob a minha co-orientação, cuja banca aprovou com louvor.

No que tange suas atividades profissionais, Edilson é servidor público estadual e municipal, como professor da Educação Básica, atuando na Educação de Jovens e Adultos (EJA). E, como autônomo, exerce a função de advogado, priorizando ações da vara civil.

Ao dividir sua prática de professor com a de advogado e continuando a dedicar-se à pesquisa e à produção do conhecimento como instrumentos do cotidiano da sua prática jurídico-educativa, Edilson dedica-se a produção do conhecimento, a arte e a cultura, integrando as atividades da Sociedade de Estudos do Cangaço (SBEC), Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM), Comissão do Folclore (COMFOLC) e Academia de Ciências Jurídicas e Sociais (ACJUS).

É amante e perquiridor de todo e qualquer tema sobre a cultura nordestina e religiosidade popular. É estudioso da obra do Romancista, Dramaturgo e Ensaísta Ariano Suassuna.

É de sua autoria a pesquisa “À Maneira das Benzedeiras e a Riqueza da Cultura Nordestina”, que transformou em artigo publicado na Coletânea “Cartas da Caatinga”, da Coleção SBEC.

Na qualidade de pesquisador emitiu parecer técnico ao livro Lembranças e Rimas de autoria do Dr. Antonio Clovis Vieira.

Aliás, sua história de vida sócio-cultural e científica é permeada das mais diversas atividades, dentre as quais podemos citar: Vice-Presidente da Comissão de Educação da OAB, membro do CONSUNI da UFERSA e membro da CPA da UFERSA; além de atuar como assessor técnico na área de Educação e Ação Social com ação direta nos programas Brasil Alfabetizado, FUNDEB, Conselhos Municipais de Educação, Alimentação Escolar, Caixa Escolar, como também atuação direta no assessoramento a operacionalização do Cadastro Único e CRAS.

Está no prelo um livro de coletânea das pesquisas por ele realizadas com o título “Benefício Especial Rural: Dificuldades e Injustiças no Processo Concessório”.

O Edilson tem uma caminhada pessoal e profissional íngreme, mas fortalecida pela fé e esperança de que as barreiras são facilmente ultrapassadas se somos dotados de competência, compromisso e determinação para construir um projeto humanisticamente qualificado e eticamente respeitoso aos direitos dos cidadãos.

Para Edilson a vida torna-se mais suave quando somos leves e simples em nossas atitudes, buscando adoçar com amor as coisas amargas da vida. Isso nos possibilita chegarmos à imortalidade, sem atropelos e respeitando os espaços do outro.

E para finalizar, parafraseando Charles Chaplin, desejo todo o sucesso a este cérebro criativo capaz de transformar lindamente a vida, a natureza e a humanidade.

Avante Edilson!

Avante em seu projeto de vida abençoado por Jesus e aprovado por Nossa Senhora.

Obrigada.



[1] Oratória alusiva ao Confrade Edilson Gonzaga de Souza Júnior, primeiro ocupante da Cadeira 22, da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS), proferida no dia 24 de junho de 2016, no auditório da OAB, momento em que o mesmo proferia seu Elogio ao Patrono da Cadeira da sua cadeira.


[2] É titular da Cadeira 03 da ACJUS.

sábado, 30 de julho de 2016

Maria Alexandrina da Conceição

“A PATRONA DA CADEIRA 01”[1]


Taniamá Vieira da Silva Barreto

Não coloco limites nas minhas crianças; mas faço com que elas percebam o significado dos seus próprios limites e os dos outros. (Profa. Alexandrina)

MEMORANDUM


A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de busca.
E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. (Paulo Freire)


Este é um trabalho construído para atender à condição de Primeira Ocupante da Cadeira 01, da Academia de Letras e Artes de Martins – ALAM, em que seus regulamentos impõem a necessidade de que o acadêmico mergulhe  na história de vida do Patrono, destacando, inclusive os fatos para a essência da imortalidade. Para tal, o enfoque da pesquisa histórica documental é essencial como fundamento da sua construção. 
Neste sentido, na qualidade de pesquisadora e filha da homenageada, entendo que o conteúdo deste Documento não teria credibilidade se partisse apenas da minha impressão emocional e citação como testemunha dos fatos, se não tivesse em outros olhares próximos e afastados a visão sobre a história de vida da Professora Maria Alexandrina da Conceição.
Foi então preciso ir a outras fontes de informações sobre Maria Alexandrina da Conceição, entrevistando um professor que foi seu aluno, uma professora que muito conviveu com a mesma e sua última diretora. 
Adentrando numa criteriosa varredura das informações contidas nos documentos e depoimentos dos entrevistados, bem como, no resgate de minhas memórias de filha partimos para a sistematização do conteúdo desta Plaqueta, cujo maior desafio é nos aproximarmos o máximo possível do caráter histórico documental sobre o perfil pessoal e profissional da vida da Homenageada.
Ancorada no compromisso com a credibilidade do conhecimento e no sentimento ético o material coletado foi todo contemplado no conteúdo deste, sem críticas ou exclusões; vez que todas as informações advieram de fontes de alta credibilidade científica, nivelando-se com o nível de qualidade da homenageada, cujos valores claros e praticados são permeados de relações humanas e duradouras, engajadas no sentimento profundo vindo do coração e com autodisciplina a serviço da educação.

TANIAMÁ VIEIRA DA SILVA BARRETO: CHEGANDO À ALAM

Das páginas passadas uma a uma durante a minha existência ou até mesmo escritas, lidas e interpretadas em coleção, possibilitou-me um amadurecimento pessoal e profissional, decorrentes do encontro e o reencontro com as mais variadas formas de saberes expressos, seja pelo conhecimento formal, seja pelo informal.
Foram passagens que deixaram marcas positivas, pois delas amadureci para enfrentar os desafios com lucidez e determinação para construir novos enfrentamentos para novos projetos e a determinação para alcançar outras novas metas.
Nasci na zona rural da Serra de Martins, mais precisamente em Pico dos Carros, e logo cedo minha família estabeleceu moradia no Sitio Canto distante 03 quilômetros da zona urbana, onde permaneci até os 15 anos de idade, quando me desloquei para Mossoró com a finalidade de avançar em meus estudos.
No sítio canto, dos 06 aos 15 anos de idade dividi a minha vida de estudante com a lida do plantio de algodão, feijão, milho e mandioca.
Sem dúvida que a vida familiar sem condições financeiras não afetou a grandiosidade da formação ética e religiosa regadas com muito amor, paz, harmonia e fé, repassada, através do exemplo dos pais e avós.
Com a firme determinação de dar continuidade aos estudos desloquei-me para Mossoró onde me graduei e iniciei a vida profissional na docência mesmo antes de atingir a maior idade. De início dando aulas de reforço e a partir de 1970 como professora da rede básica do ensino público estadual.
Na qualidade de professora e enfermeira não poderia parar os meus estudos. Como enfermeira via e vejo esta como uma profissão que tem uma relevância socioeducativa ímpar, pois transcende a mesmice da prática assistencial, carecendo de contínua formação científica, técnica e política, por parte do profissional que a exerce.
Ao professor, por sua vez, também cumpre a busca do contínuo aperfeiçoamento de sua prática e atualização dos conhecimentos específicos e praxiológicos; decorrendo deste uma docência de alto nível de qualidade e com perspectiva emancipatória.
Eis porque desde cedo me dediquei a escrever sobre o ensino, a educação, a administração, a enfermagem, a vida e os sentimentos, seja em forma de pesquisas ou poesias. Destes escritos resultaram várias publicações conforme consta no anexo I deste trabalho.
Foi na construção e reconstrução das páginas das letras no cotidiano da vida que me tornei Imortal, integrando as seguintes Instituições Acadêmicas: Acadêmica Imortal e Patronímica da Cadeira 57 do Conselho Internacional dos Acadêmicos de Ciências Letras e Artes (CONINTER); Primeira Ocupante da Cadeira 3, como Membro Efetiva e Fundadora da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS), Primeira Ocupante da Cadeira 12, como Membro Efetivo e Fundadora da Academia de Letras e Artes Mossoroense (AFLAM), Primeira Ocupante da Cadeira 1, como Membro Efetivo Vitalício e Fundadora da Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM), Sócia Efetiva do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), Sócia Correspondente da Academia Apodiense de Letras (AAPOL) e Amiga do Museu do Sertão.
Fazendo Jus ao título que me foi conferido como Membro Efetivo da ALAM e honrando com meu compromisso de Imortal da Citada Academia apresento o Elogio à Patrona da Cadeira 01 Maria Alexandrina da Conceição, legitimando à mesma a condição de Imortalidade.

Passando as páginas da vida de Maria Alexandrina da Conceição
Alfabetizar é dirigir uma peça de teatro em que o ator é ao mesmo tempo autor e platéia do espetáculo e o diretor é o espectador fanático do processo. (Profa. Alexandrina)

À GUISA DE INTRODUÇÃO

Antes de Professora Alexandrina era missionária, pois fazia de todos os espaços da sua vida momentos de ensinamentos sobre a ética, o meio ambiente, a família e a oração.
Quem de nós assumiria o desafio de ser mãe de 14 filhos, cuidar da casa e ser impecável na sua prática educativa / formativa?
O seu legado de pessoa admirável demarcou seu tempo e sua glória na construção da história da Comunidade, da Educação e da Família.
Estas são as marcas que fazem a diferença e legitimidade para que eu escolhesse Maria Alexandrina da Conceição como Patrona da Cadeira 01 da ALAM, da qual sou a primeira ocupante.

A LINHAGEM

A história de vida da Profa Maria Alexandrina da Conceição, confunde-se com o próprio significado de vida e compromisso. Sua Linhagem é:
Pai – José Antonio Vieira, neto de índio, guardava em si os princípios ecológicos inerentes à raça indígena (Tapuios ou Cariris).
Mãe – Francisca Viana de Messias – professora e catequista da Comunidade Sítio Canto.
Maria Alexandrina teve na profissão de professora a sua realização pessoal de mulher e mãe, pois foi por amor que abraçou a missão de educar, catequizar as crianças a ti confiadas. Inicialmente, as da comunidade do Pico dos Carros; depois seus próprios filhos e filhas. Essa dedicação pode se dizer era hereditária já que sua mãe, Francisca Viana de Messias, foi também professora.
Sua avó Antonia (Coconha), também era ligada à educação, pois assumia a profissão de porteira (vigia) do Grupo Escolar Almino Afonso, em Martins. Aqui merece um aporte: Na década de 10, há mais ou menos 100 anos D. Antonia (Coconha) assumia uma profissão dita de homem.
O respeito ao meio ambiente, incluindo o ser humano foi herdado, principalmente de seu avô, índio que, por instinto pregou a seus filhos, netos e bisnetos a importância da preservação do que Deus nos deixou. A nossa Alexandrina não permitiu nunca que alguém que a tivesse por perto desfolhasse uma planta, sujasse um açude ou apedrejasse um ninho de passarinho.

NA PAGINAÇÃO DA LINHA DO TEMPO

1929 – Nasce a 1ª filha do casal José e Francisca, depois de seis filhos varões. Imaginem a alegria...
1931 – Para preencher uma lacuna na vida da pequena Maria, nasce sua única irmã – Ana Alexandrina.
1945 – Firma namoro com o jovem soldado, Jorge Julião, recém-chegado da guerra.
1946 – No dia 1o de junho casa-se com Jorge Julião da Silva e vai morar em Pico dos Carros, pequeno povoado situado no “pé da serra” de Martins.
1947 – Inicia sua missão de professora da comunidade onde morava (Sitio Pico dos Carros, zona rural de Martins). As aulas eram dadas em sua residência, onde fazia de sua sala de estar à sala de aula dos alunos. Também nesse ano começa a descendência do casal, com o nascimento da primeira das suas dez filhas – Maria da Conceição.
1949 – Nasce a segunda filha da Profa Maria Alexandrina e com ela as muitas noites insone, pois aos 20 anos Alexandrina nunca tinha vivido a experiência de cuidar de uma criança doente, o que Celeste era de sobra; e foi com a ajuda de sua mãe, dona Chiquinha que ela conseguiu salvar sua filha.
1950 – Vem ao mundo sua terceira herdeira, Taniamá.
1952 – Nasce sua quinta filha, Maria Dalva.
1954 – Para grande alegria do casal nasceu no dia 04 de fevereiro, mesmo dia do aniversário de Alexandrina, o primeiro filho homem que recebeu o nome de José  Arimatéia.
1956 – O casal se muda para o Sítio Canto, localizado em cima da Serra de Martins, onde moravam os pais de Alexandrina.
1958 – Ano de grande seca no Nordeste e o casal com então sete filhos, pois nesse ano nascera o sétimo, Sandoval, enfrenta grandes dificuldades. O esposo, Jorge, vai para as frentes de trabalho nas Emergências, em construções de rodagens e a Profa Maria Alexandrina passou por mais uma tribulação: ficar sozinha com a responsabilidade da família.
1962 – Com Aluísio Alves assumindo o governo do Estado, os professores leigos passam a receber capacitação “Curso de Treinamento” e, com isto Alexandrina precisa afastar-se uma vez por ano do seio familiar enquanto o esposo, Jorge Julião, ficava no comando da casa e do roçado.
1964 – Ano de grande sofrimento para o casal, pois vivem o suplício de enfrentar o falecimento de sua filha Maria da Glória, com 11 meses de idade, o que causou grande sofrimento. Sendo maior para Alexandrina, pois se encontrava em um treinamento e não viu o sepultamento de sua filha.
1965 – Nesse ano a família inicia uma nova etapa; na cidade de Martins só existiam escolas com até o 4º ano ginasial e assim, os filhos do casal que terminassem o curso ginasial, teria que ir estudar em outra cidade, sendo Taniamá a primeira a ir para Mossoró.
1967 – Com as três filhas mais velhas, uma casada e duas em Mossoró, o casal toma uma decisão muito difícil: É hora de acompanhar os filhos fora do ninho; e, mais uma vez, a família se separa; o esposo vai para Mossoró morar com as duas filhas que lá estudavam. É um período difícil, pois o esposo vai trabalhar como operário braçal na Fábrica de Óleo Alfredo Fernandes, sendo que o salário mal dava para pagar o aluguel e o alimento.
1970 – Mais dois dos filhos vão para Mossoró, um deles o filho mais velho dos homens, José  Arimatéia.
1971 – Ano em que a família celebra a grande vitória de Alexandrina conseguir a transferência do emprego para Mossoró, embora tenha que pagar o tributo de sair de sala de aula, pois sem a devida formação não poderia assumir uma sala de aula. Foi, então, trabalhar como servente na E. E. Professor Manoel João, no Alto de São Manoel, no turno noturno. Foi um período muito difícil, já que morava no Bairro Santo Antônio.
1974 - Maria Alexandrina resolve que precisa mostrar aos filhos que a educação é o caminho para o sucesso e entra com empenho no Curso Logos II – equivalente ao Magistério, concluindo com louvor.
1976 - Maria Alexandrina reassume sua sala de aula e dá continuidade a sua missão interrompida por um breve intervalo; esse, que serviu para que nossa mestra aprimorasse o seu talento de educadora e passasse a colocá-lo em prática com mais empenho como uma pessoa que saboreia melhor um copo de água depois de um período de sede.
1978 – Em suas plenas atividades educacionais e religiosas, aos 47 anos, Alexandrina cuidava com esmero dos seus registros pedagógicos, documentando sua prática pedagógica e definindo estratégias de ensino alternativas que melhor se adequassem à alfabetização prazerosa.
1985 - Maria Alexandrina aposenta-se deixando muita saudade na E. E. Associação de Normalistas onde trabalhou seu ultimo ano na ativa, passando a plantar suas sementes em outras salas: netos, bisnetos vizinhos, comunidade, igreja e principalmente em seus amigos que foram muitos.
1986 – Em setembro, Maria Alexandrina fixa residência, com sua família, na Estrada da Raiz, onde inicia um exaustivo trabalho de evangelização e organização da comunidade.
De início, através dos membros do grupo de Jovens Unidos em Cristo (JUC) da Paróquia São José, contando com a participação ativa de três dos seus filhos: Clovis, Livramento e Vildemar, da sua família como um todo e o apoio e orientação espiritual do Sacerdote Pe. Guido foram desenvolvidas várias estratégias de mobilização, sensibilização e evangelização daquele grupo social. Foram colocadas em prática as seguintes ações: Visitas aos moradores, reuniões, celebrações e missas (a maioria desses atos celebrativos eram realizados na sua própria residência).
1987 Cessão de uma parte do terreno de sua residência para o plantio da horta comunitária que veio ajudar muito na história do crescimento da comunidade, pois com a implantação da mesma, foi possível vivenciar uns dos grandes momentos da verdadeira Comunidade Eclesial de Base.
1988 - Doação de parte do terreno de sua casa à Paróquia de São José para construção de uma igreja, pois queria um espaço perto para a prática evangelizadora. Foi o momento da construção da Capela São Francisco da Estrada da Raiz.
E assim esses atos de fé e construção de cidadania foram contagiando a todos, constituindo-se em verdadeira comunidade católica.
1988 a 1994 – Organização e Coordenação das Pastorais do Dízimo e do Batismo; Participação na Criação do Conselho Comunitário, Grupo de Mães e Grupo de Jovens.
1995 - Fundação da “Legião de Maria Mãe do Conselho”, que teve inicio em 29 de Abril.
Em um dos grandes maravilhosos momentos de evangelização, Maria Alexandrina, adquiriu bíblias para distribuir aos membros dos grupos, o mais especial não foi a distribuição das bíblias e sim marcar cada uma das passagens que retratam os mistérios do terço para as pessoas acompanharem.
Os grupos formados foram: Hora da Graça, Oficio de Nossa Senhora, Oficio das Almas e as Mil Ave Maria.
2000 – Retorna para Martins onde deu continuidade a sua vida de cidadã comprometida com a religiosidade e sustentabilidade ambiental, sendo um baluarte na dinamização dos trabalhos da Capela Jesus Ressuscitado, do Sitio Canto.
Com o agravamento da saúde do seu esposo passou a dedicar-se 24 horas por dia aos cuidados do seu amado, mas, sem se descuidar do seu compromisso com os seus familiares e a Igreja. Tão é verdade que mesmo distante, em Martins, orientou sua filha Lila a fundar a Infância Missionária na Comunidade Estrada da Raiz, o que ocorreu em 14 de Agosto de 2005.
2011 – Quando todas as atenções dos seus filhos e netos estavam voltadas para a saúde de Jorge Julião, seu esposo, em 31 de janeiro, morre a Profa  Maria Alexandrina deixando todos incrédulos e com um grande vazio.

O LEGADO
Determinada, desde a adolescência, os estudos e os desafios profissionais sempre fizeram parte do seu projeto de vida, como mulher, mãe e educadora.
Como esposa e mãe teve 14 filhos, tendo vivido e convivido com seu esposo grandes batalhas durante toda a sua vida terrena.
Seus Filhos, integrantes do seu templo familiar, são: Maria da Conceição Alves de Azevedo, Regina Celeste da Silva, Taniamá Vieira da Silva Barreto, José Arimatéia Vieira, Maria Dalva Vieira, Leontina Vieira da Silva, Francisco Sandoval Vieira, Vildemar Vieira da Silva, Maria do Livramento Vieira Amâncio, Maria da Glória Vieira (falecida), Antonio Clóvis Vieira, Maria da Conceição Vieira Barbalho, Hugnelson Vieira da Silva e Flávia Maria Vieira da Silva.
Na qualidade de esposa e mãe sua meta era a perfeição e o amor: as calças e camisas de Jorge, sempre branquíssimas e impecavelmente passadas na goma serviam de admiração de todos os conhecidos e vizinhos.
Religiosamente, todos os domingos, pela manhã, caminhava 03 quilômetros, do Sítio Canto até a cidade, com seu esposo e filhos para assistirem a missa dominical.
Enquanto professora eram muitos os seus dotes, buscando contínuo aperfeiçoamento, conseguindo ser uma excelente alfabetizadora, assumindo sempre o desafio de trazer para sua sala de aula aqueles alunos de outras turmas que tinham dificuldades de alfabetização. Como fala sua ex-diretora Dona Lourdes: “Alexandrina obrava milagres; quando o aluno tinha dificuldades eu dizia: passe este menino para a turma de Alexandrina. Então, dois ou quatro meses depois estava lá, a criança lendo suas primeiras palavras”.
Com a sua morte nós, seus filhos, encontramos dois cadernos com vários escritos, em forma de apontamentos, que sistematizamos, organizamos e pretendemos publicarem breve, sob o título de “Lembranças que me Marcam na Alfabetização Infantil: experiência que deu certo”.
Evangelizadora, não só dos seus filhos, marido, netos, genros, noras, bisnetos, mas também de todos os amigos e conhecidos, a Profa Maria Alexandrina, faleceu, mas as marcas da sua história estão perpetuadas, pois temos a certeza de que o seu projeto de evangelizadora cristã foi plantado em terreno fértil, que aconteceu em dois momentos: na casa da Estrada da Raiz, em Mossoró, e na dos sítios Pico dos Carros, Canto e Frade, em Martins.
Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetisse. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída. (Mahatma Gandhi)
A vida continua independentemente dos acontecimentos, o relógio do tempo não para, caminhamos não sabemos pra onde, mas temos pressa de chegar, de ser feliz; mas nessa correria louca da qual o ser humano é vitima e culpado ao mesmo tempo algo não pode faltar, "a Fé no Criador" e agregada a essa Fé, a esperança de dias Iluminados.
A SÍNTESE

            Disse um antigo sofista grego que o homem é a medida de todas as coisas. Com base nesse princípio, podemos afirmar, então, que o homem é a melhor medida do próprio homem. 
Foi com base neste sofismo que optamos por indicar Maria Alexandrina da Conceição como Patrona da Cadeira 01 da ALAM da qual sou a primeira ocupante transcende a aderência técnico-científica e profissional; há  um significado todo especial da minha relação profissional com a mesma, na qualidade de filha e professora.
Alexandrina foi a própria medida de ser a melhor representação do significado de ser educadora menina-mulher que disseminou por onde passou a paz a harmonia e a solidariedade.
Também, porque ela, a mulher Alexandrina por si só já representou a medida certa para se fazer homenagear, pela sua vida profissional de educadora, que fez a diferença na Educação, na família, na Igreja e nas comunidades por onde passou.
Dotada de uma humanização ímpar Alexandrina cativava as pessoas que a rodeavam demonstrando uma grande capacidade de liderança, orientação e de fraternidade. Abençoada com uma grande capacidade criativa e de alta habilidade proativa sabia, como ninguém, empreender, estando ai o grande segredo do sucesso da sua vida de educadora e missionária da vida.

Estes são alguns dos fatos que oportunizam a escolha e comprovam a justiça da escolha, acrescidos da adequação do currículo da mesma, ao perfil da Academia de Letras e artes de Martins (ALAM), ficando claro que muitas são as razões pelas quais reconhecemos em Alexandrina a figura da cidadã imprescindível ao desenvolvimento ético, social e humanístico.






[1] Elogio realizado em 03 de Janeiro de 2016.

Francisca Viana de Messias (Dona Chiquinha Tabita)


“A PATRONA DA CADEIRA 07”[1]
Por Maria Dalva Vieira

APRESENTAÇÃO

 



O presente trabalho visa atender aos requisitos da Academia de Letras e Artes de Martins- ALAM, condição essencial para legitimar a posição de Primeira Ocupante da Cadeira 07, que tem como Patrona Francisca Viana de Messias.
Neste sentido, na qualidade de pesquisadora e neta da homenageada, entendo que o conteúdo deste Documento não teria credibilidade se partisse apenas da minha impressão emocional e citação como testemunha dos fatos, se não tivesse outros olhares próximos e afastados do convívio com Francisca Viana de Messias (Dona Chiquinha Tabita).
Foi então preciso ir a outras fontes de informações sobre Francisca Viana de Messias, entrevistando um Franciscano que foi seu aluno e uma professora que muito conviveu com a mesma. 
Adentrando numa criteriosa varredura das informações contidas nos documentos e depoimentos dos entrevistados, bem como, no resgate de minhas memórias de neta partimos para a sistematização do conteúdo desta Plaqueta, cujo maior desafio é nos aproximarmos o máximo possível do caráter histórico documental sobre o perfil pessoal e profissional da vida da Homenageada.
Na certeza de que o compromisso assumido tem credibilidade o material coletado foi todo contemplado no conteúdo deste, sem críticas ou exclusões; vez que todas as informações advieram de fontes validadas, nivelando-se com o nível de qualidade da homenageada, cujos valores éticos foram praticados, com base em relações humanas e duradouras, engajadas no sentimento profundo vindo do coração e com autodisciplina a serviço da vida.

SOBRE MARIA DALVA VIEIRA


       Nasci na zona rural da Serra de Martins, mais precisamente no Sítio Canto distante 03 quilômetros da zona urbana, no dia 16 de outubro de 1952, onde permaneci até os 14 anos de idade, quando me desloquei para Mossoró com a finalidade de avançar em meus estudos.

No Sítio Canto dividi a minha vida de estudante com a lida da agricultura no plantio de algodão, feijão e milho.
Sem dúvida que a vida familiar sem condições financeiras não afetou a grandiosidade da formação ética e religiosa regadas com muito amor, paz, harmonia e fé, repassada, através do exemplo dos meus pais Jorge Julião da Silva e Maria Alexandrina da Conceição, que no meu entender prestaram o maior serviço que se pode prestar a humanidade: constituíram uma família.
Permaneci em Mossoró até 1968, tendo estudado na Escola Estadual Jerônimo Rosado, indo para o Rio de Janeiro aos 17 anos de idade para dar continuidade aos meus estudos.
No Rio de Janeiro estudei, me graduei em contabilidade e administração de empresas, trabalhei como contadora durante 13 anos. Constitui  família, tendo como esposo Edilson Gonzaga de Souza, com o qual tive 03 filhos: Edilson Gonzaga de Souza Júnior, Carla Vieira de Souza e Silvia Vieira de Souza.
Por motivo da doença do meu esposo retornei ao Rio Grande do Norte e durante 02 anos, dediquei-me a cuidar do meu esposo doente, tendo ficado viúva, em 1986, com três filhos menores (7, 4 e 2 anos).
Continuei os meus estudos, em nível de pós-graduação (Desenvolvimento Regional e Meio ambiente e psicopedagogia) e de Licenciatura em Pedagogia e bacharelado em Serviço Social.
Ingressei no setor público como professora do município de Areia Branca, hoje aposentada. Desenvolvi atividades nas políticas públicas de Educação, Assistência Social, Meio Ambiente, Trabalho e Habitação desde1997; sendo que desde o ano 2000 sou gestora municipal da assistência social de Viçosa. Trabalhei em Campo Grande, Frutuoso Gomes e Messias Targino,  como assessora técnica da educação e da assistência social, tendo colaborando em alguns programas e projetos, entre eles: , Programa Bolsa Escola, Programa Bolsa Família, Cadastro Único, Programa Brasil Alfabetizado, Conselho da Criança e Adolescente, Conselho tutelar, Conselho de Educação, FUNDEF, FUNDFEB, Prefeito amigo da Criança e Selo Unicef Município Aprovado.
Sou imortal da ALAM – Academia de Letras e Artes de Martins, ocupante da cadeira número 7, definindo meu perfil como: Autora do livro “O Gerenciamento das Políticas Sociais: Memória, Trabalho e Resultado”. Entre os Relatórios de Pesquisas realizados merece destaque para a “A Sustentabilidade do Ambiente do Trabalho do Professor”. Atuei como Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Areia Branca por 08 anos e militei em diversos conselhos de controle social e de políticas públicas. Meu maior prêmio: meus três filhos, e meus quatro netos e um a caminho.

DONA CHIQUINHA TABITA: DO FEMINISMO À EVANGELIZAÇÃO

A Educadora Matinense FRANCISCA VIANA DE MESSIAS, Dona Chiquinha Tabita, como carinhosamente era chamada, sempre levou a oração para a sala de aula. Foi a primeira Professora, a primeira Catequista e a verdadeira Missionária do Sítio Canto.
Nasceu no Sitio Jacú, no município de Martins, estado do Rio Grande do Norte. Filha de José Viana de Messias e Antonia Maria da Conceição (Coconha).
Seu pai, que era fogueteiro, faleceu numa explosão de fogos, deixando três filhas e a viúva Coconha com 26 anos. Isto fez com que Francisca Viana de Messias, logo cedo tivesse que dividir com a mãe a tarefa de vigia do grupo escolar Almino Afonso e o trabalho da roça para ajudar no sustento e na educação das suas duas irmãs caçulas. Essas responsabilidades não lhe privaram do compromisso com os estudos e o amor pela cultura, preparando-se para ser professora e evangelizadora.
Casou-se aos 24 anos de idade (em 1913) com José Antonio Vieira (Zé Chapéu), com o qual teve 08 filhos: Vicente, Pedro, Francisco, Paulo, José, Luis, Maria e Ana, tendo educado a todos com base nos princípios do catolicismo, da ética, da solidariedade e do humanismo.
Pessoa religiosa, comprometida com a solução das questões da sociedade proletária, da igreja e das famílias, Dona Chiquinha Tabita era Zeladora do Apostolado do Coração de Jesus e Membro da Congregação Santa Terezinha.
Eis, então, o fundamento por ela adotado na constituição de sua família, em que a partilha, o bem, o amor e a fraternidade eram vivenciados cotidianamente no convívio com os filhos e o seu esposo.
Com a visão da ação e da oração como fundamentos do projeto ideal da criação, Dona Chiquinha Tabita utilizou a cultura, a religião e a espiritualidade como à coluna de ferro para a sustentação da família e modelo de formação dos seus filhos e dos seus alunos.
Seus alunos sim; porque mesmo sem nenhuma remuneração, nem tampouco ajuda, Francisca Viana de Messias fez da sua residência uma verdadeira Igreja Doméstica e Primeira Escola Pública do povoado Sítio Canto, onde morou até a sua morte.

O PORQUÊ DA IGREJA DOMÉSTICA:

A sala de sua casa era equipada com bancos, uma mesa, um oratório com muitas imagens e a Bíblia, onde todos os domingos eram ministradas aulas de religião, preparando as crianças para a Primeira Eucaristia. A palavra de ordem era a religiosidade, a ética, o respeito e a obediência como sustentáculo da vida feliz.
Uma vez por cada ano, a calçada da sua casa / Igreja Doméstica se transformava em Altar e seu terreiro em Plenário Comunitário, quando Pe Carlos Celebrava a Missa da Primeira Eucaristia daqueles seus alunos do catecismo que estavam preparados espiritualmente para receber o Corpo de Cristo e os laços matrimoniais dos noivos da comunidade do Sitio Canto.
Numa pretensa vontade de materialidade de culto aos mortos e resgate da história dos martinenses, Dona Chiquinha Tabita, todas as segundas-feiras ia, com os alunos, ao Cemitério, onde Rezava o Ofício das Almas e fazia reflexões sobre a Memória Histórica dos Antepassados que ali estavam no seu repouso eterno.
Durante o ano, todas as noites do mês de maio eram rezadas as novenas marianas, com a participação de todos os moradores. A organização do ambiente da sala para as novenas ficava sob a responsabilidade dos alunos da escolinha.

O PORQUÊ DO LAR ESCOLA:

Na mesma sala onde, aos domingos eram ministradas as aulas do catecismo, de segunda a sexta-feira, um grupo de crianças do Sitio Canto recebiam os ensinamentos da Educação Formal Integral e Integrada. Dona Chiquinha Tabita priorizava nas suas aulas dos conteúdos de Português e Matemática, assuntos que motivassem os alunos, como: Respeito ao Meio Ambiente, A Saúde do Corpo, O Patriotismo e a Justiça Social, a Economia do Lar, A Família e a Vida.
Eram dadas aulas práticas de Higiene e Atividades Físicas. Com o auxílio de um bastão e tendo como ajudante o seu filho José Antonio Vieira (Zeca), eram praticados os exercícios físicos como medida de saúde.
A Responsabilidade Social de Dona Chiquinha Tabita ia ao extremo, fornecendo almoço diariamente para aquelas crianças que demonstravam sinais de desnutrição e de fraqueza.
Quando uma criança faltava às aulas ela ia visitar para saber das mães a causa. Quando o motivo era a falta de roupa ou calçado ela mesma providenciava a compra, confecção do vestuário e a distribuição. Porém, não sem antes dar um belo sermão de compromisso, responsabilidade e de luta pela justiça social.
Assim, a criança só deixava de frequentar as suas aulas quando sabia as quatro operações e concluía com domínio de conhecimento todo o conteúdo da Cartilha do ABC e dos Livros Laurita e Ensino Rápido.
Durante suas aulas procurava sempre relacionar o letramento, a religiosidade, a ética e justiça social, dando um tom todo especial às ideias feministas muito avançadas para aquela época.
Amante da cultura e da arte, Dona Chiquinha Tabita, fazia da sua vida de religiosidade e de dedicação ao lar a marca da concepção revolucionária sobre a educação e o papel da mulher na sociedade e na família, fato que imprimiu sua passagem na formação da população da época.
Católica fervorosa dedicou toda a sua vida aos mais pobres e excluídos da sociedade, além de esposa dedicada e mãe exemplar.
Esgotada fisicamente, Dona Chiquinha Tabita, foi acometida de forte bronquite asmática, reumatismo nos joelhos e um grave abscesso no seio esquerdo, em 1959, tendo ficado paralítica em 1960.
Faleceu, no Sítio Canto, em 15 de fevereiro de 1967, após ter passado 07 anos de intenso sofrimento físico, deixando viúvo seu esposo José Antonio Vieira, que veio a falecer 15 anos depois da sua morte.
Durante os 07 anos de paralisia dirigiu com braço forte as ações religiosas de todos seus familiares residentes no Sítio Canto (filhos, genros e netos), com a prática da reza do Terço, todas as noites e do Ofício de Nossa Senhora, todas as madrugadas.
Eram seus companheiros inseparáveis: O rosário, a palavra de Deus e a ação.
Sua indignação: A Injustiça social, o Acúmulo de riquezas materiais e a Falta de ética.
Seus bens materiais: Duas vestes e um calçado, pois só tenho um corpo.
Seus bens maiores: O Amor, a Partilha, a Fé e a Dignidade.
Sua Máxima nas noites de sofrimento e dor:
Quem fui; quem sou; quem serei?
Quem fui? – Não me lembro.
Quem sou? _ Nunca pensei!
Quem serei? _ Não quero saber
Pela sua história de vida, pelos vários desafios enfrentados na sua prática educativa, familiar e social, como defensora da Família e dos humildes, bem como evangelizadora das crianças, viveu um projeto pedagógico que a legitima ser patrona da cadeira 07 da ALAM.
Francisca Viana de Messias tinha no seu companheiro José Antônio Vieira a pactuação de suas ações. Era denominada de Mãe de todos.





[1] 03 de Janeiro de 2016